Total de visualizações de página

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O pessoal "entortou" antes

Em julho de 1992 eu e um amigo roqueiro pegamos um ônibus de linha e zarpamos de Floripa para Porto Alegre para assistir o Black Sabbath no Gigantinho. O vocalista da banda naquela oportunidade era, o já saudoso, Ronnie James Dio. O show foi tudo e mais um pouco. O ginásio estava lotado e ver Geezer Butler tocando baixo ao vivo era o meu sonho de consumo antigo.
Guando chegamos buscamos um lugar nas arquibancadas o mais próximo possível do palco. Ficamos numa das laterais por onde o pessoal da banda ia passar. Geezer Butler, músico inglês nascido em Birmingham, era o meu ídolo e quando ele apontou no túnel de acesso, ficamos bem próximos.  O homem tinha cara de mal, lembro bem da imagem e do momento.

Um outro fato inusitado naquele show foi um grupo de roqueiros que haviam chegado cedo ao ginásio e começaram a beber e a fumar todas. Se “entortaram” de tal maneira antes do show começar que quando a banda subiu ao palco eles já estavam “bodeados” de tal forma que dormiam na arquibancada e nada assistiram do show. Cena hilária ver o Black Sabbath no palco e aqueles rapazes dormindo na arquibancada.Fica a lição, quem vai com muita cede ao pote se afoga.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Batendo cabeça com Angus Young


No início dos anos 80, fui ao cinema assistir ao filme Let There Be Rock um concerto da banda AC/DC filmado em Paris, e passei mal. Fiquei zonzo com o movimento de cabeça do guitarrista Angus Youmg. O AC/DC estava no auge na época e o filme atraiu muita gente ao cinema. Nas nossas festas de garagem sempre tocávamos o vinil Highway to Hell e o pessoal batia cabeça igual ao Angus. Loucura! ou seria tontura?
As canções como Shot Down in Flames e If You Want Blood, eram as nossas favoritas, com elas tocávamos nossas guitarras invisíveis em meio a neve cristalina das maquinas de fumaça.

 

domingo, 18 de março de 2012

Servidos na Bandeja

Era um grupo com nome contraditório? Ou se tratava apenas de um armazém musical? Afinal, como alguma coisa poderia ser seca e ao mesmo tempo molhada? Mas, aquele & comercial no meio do nome dava a pista que precisávamos. Na veia dos Secos & Molhados corria sangue latino e dos bons.  Figurinos extravagantes e maquiagem colocavam aquelas quatro cabeças numa bandeja no melhor “assim assado” da década de 70. O vocal, a dança esquisita e contorcionista, aliada a uma voz límpida e magistral, cataputou  Ney Matogrosso e jogou para o alto a velha maneira de se apresentar num palco.
Como era profunda a letra de Rosa de Hiroshima de Vinicius de Moraes. Afinal, como não pensar naquelas crianças mudas e telepáticas, nas meninas cegas e inexatas, nas mulheres com rotas alteradas, nas rosas cálidas de todos as feridas abertas pelos americanos no Japão? Os Secos & Molhados tinha cor e perfume e marcou para sempre nossa história musical.  

sábado, 10 de março de 2012

Uma escada para o céu


Aquele velhinho, corcunda, apoiado numa bengala improvisada, com um enorme molho de lenha seca nas costas, nos intrigava. O que ele fazia ali na capa de um dos melhores discos de hard rock e haveavy metal do início dos anos 70? Led Zeppelin IV (1971) foi um dos melhores discos de rock e fez o Led encher estádios. A balada Stairway To Heaven se tornou à canção mais tocada até hoje, principalmente, nas rádios dos Estados Unidos. Usávamos muito este disco em nossas festas de garagem. Black Dog e Rock And Roll disparava a nossas guitarras invisíveis e sacudia nossas cabeleiras, espalhando fumaça para todos os lados. Os riffs de Jimmy Page, catapultavam nossas imaginações e serviam de referência para as bandas locais. Going To Califórnia nos fez conhecer aquele que seria mais tarde o paraíso dos surfistas, sem nunca ter ido lá. Gostávamos da Califórnia por causa da música do Led e sonhávamos com o paraíso ao ouvir Stairway To HeavenThere's a lady who's sure all that glitters is gold... É, a velha senhora tinha razão, tudo que brilha é ouro e o Zeppelin brilhava muito. Quem comprava o Volume IV comprava de fato uma escada para o céu.
       

quarta-feira, 7 de março de 2012

Como a música "Time" do Pink Floyd salvou uma vida

Numa noite, numa festa de garagem onde ouvíamos Pink Floyd, ouvi a seguinte estória. Contava-me um conhecido que a banda de rock britânica de  Roger Waters, Nick Mason, Richard WrightSyd Barrett e mais tarde, em 68, David Gilmour, havia salvado sua vida. Perguntei-lhe como? E então ele me disse que numa viagem pelo interior do estado (SC) em um fusca, ele seguia por uma estrada de chão batido e numa curva fechada capotou o carro e foi parar no meio do mato, apagou geral. Mas, como estava com o toca-fitas do carro ligado, foi acordado com o despertador da musica "time" do álbum The Dark Side of the Moon  e assim, pode sair daquela situação terrível onde, ferido, com escoriações por todo o corpo, inclusive na cabeça, corria risco de morte. 
De fato aquele despertador do Pink Floyd acordou muita gente, mas, neste caso específico salvou uma vida. Acho que a turma da banda deveria conhecer este episódio, afinal, é raro uma musica salvar uma vida. Interessante que o 'The Dark Side of the Moon (1973), fala de pressões, loucura e morte e é considerado por muitos como a obra prima da banda. Eu ouvi muito este disco.  

segunda-feira, 5 de março de 2012

O pico de passagem


Um filme, mais especificamente, uma trilha sonora, mudou a história do rock. Tony Manero, personagem de John Travolta, um jovem do Brooklin, caminhando a passos largos, sapatos bico fino e calça justa, é a cena inicial do filme Saturday Night Fever, ou, como queiram, Os Embalos de Sábado a Noite para nós tupiniquins. Manero anda e dança ao mesmo tempo, sob um fundo musical que colocava o rock pesado em segundo plano, era o Stayin Alive do Bee Gees. A, a, a, a, Stayin Alive, que sacudiu a poeira e empurrou o Dance Music  ao topo das paradas em todo o país.
John Travolta virou ídolo e as discotecas tomaram conta do cenário musical. Os roqueiros levaram um susto, mas a qualidade musical dos Bee Gees não deixou a fenda se abrir no chão. Night Fever, More Than a Woman, Jive Talkin, foram as músicas mais tocadas no final dos anos 70 e mudou o jeito da galera dançar e também de se vestir. O filme também deu asas para o instrumental fantástico de David Shire. Saturday Night Fever é o ponto mais culminante da passagem do Rock ao Dance e, graças a competência do Bee Gees, marcou a memória musical de toda uma geração.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

DJs dos anos 80

No início dos anos 80, eu e mais três amigos resolvemos investir numa aparelhagem de som para fazer festas de garagem. Ouvíamos muito rock e porque não compartilhar nossos gostos musicais? Assim, emprestamos nossas iniciais e surgiu o F.L.S.D. Nosso intuito? Com certeza não era ganhar dinheiro. Nosso propósito era mais singelo, a diversão, a “curtição” e, claro, as garotas. Fomos os primeiros DJs da cidade. Naquela época as melhores bandas e, conseqüentemente, os melhores vinis ou “bolachões”, na sua maioria, tinham de ser importados. Os efeitos luminosos, como a luz negra, os canhões de lazer, o strobo rítmico e outros luxos disponíveis hoje em dia em qualquer loja de eletrônicos, eram raros, para não dizer que custavam os olhos da cara. Assim, fazíamos nossas geringonças de efeitos luminosos na garagem de casa, com faróis velhos e papel celofane, muita criatividade e trabalho duro (muitas vezes no serrote mesmo). Mas a noite vinha e com ela a recompensa, muito rock na cabeça. A trilha sonora, (que hoje se chama playlist) era preparada com antecedência, mas acabava não rolando, o improviso ficava mais ao gosto da rapaziada. Vestíamos causas Lewis caninho (eu tinha apenas uma e bem surrada) e geralmente começávamos as festas tocando Deep Purple uma banda de heavy metal inglesa que tinha Ian Gillan no vocal e Ritchie Blackmore na guitarra.   Smoke on the water celebrizou o Deep Purple e o F.L.S.D. e fazia de nós os quatro rapazes mais inovadores da famosa Rua Iano.  

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Essa é a vidaaaaa, gostosa e divertidaaaa


No final dos anos 80 uma banda nacional fazia um rock performático de qualidade e que agradavam por demais os nossos exigentes ouvidos, era o  Casa das Máquinas. Formada por ex-integrantes dos Incríveis, a banda mandava muito. Furei o disco “Casa de Rock” de 1976 de tanto ouvir e viajava no clipe do pessoal sem camisa entre grandes máquinas mandando ver. Certo dia A Casa foi fazer um show em Floripa. Juntamos a turma para ir ao show, no meio da fumaça “calçamos” nossos bolsos com pequenos recipientes (de vidro) abarrotados de 
Whisky que passavam longe, bem longe de  Johnnie Walker e  Black Label, e se fomos para a FAC (Federação Atlética Catarinense). Lugar de estrutura pobre, sem a polícia por perto, deu a lógica, o Show acabou em pancadaria, com diversas garrafas indo parar em cima do palco. Netinho e Pisca, do Casa das Máquinas, ficaram putos e encerram o show depois de tocarem 3 ou 4 músicas. A galera rebelde por natureza queria quebrar o ginásio, a polícia chegou para acalmar os ânimos e nos mandar para casa. Saímos todos frustrados, acendemos um careta, mandamos os meganhas para aquele lugar e fomos pra casa do Kiko ouvir o psicodélico Pink Floyd (Meddle de 1971) acotovelados num quarto de 2 x 2.  E, o que é pior, sem nenhuma guria por perto. Teve gente que levitou aquela noite.  ♪♪ Essa é a vida, gostosa e divertida ♪♪♪

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O Jeep e o Slade, sem freios

Num Jeep sem freios não faltava um toca-fitas. Parávamos aquela geringonça na marcha, quando parava. No cassete rolava Slade, uma banda do Reino Unido que tinha nos vocais Noddy Holder que adorava arrotar durante as músicas. Ballrrom Blitz e Move Over eram as nossas músicas preferidas, até o Jeep gostava, rodava mais macio com elas. Não tinha tempo ruim, nem subidas que aquela máquina, estilizada nos tons verde exército com morrom na proa (ou seria capô), não dava conta. Embalados pelo vapor do radiador que fervia que nem chaleira no fogão a lenha, o Slade dava o tom certo para a aventura sem frescura e sem medo de morrer. O rock era um parceiro fiel, disso somos testemunhas, especialmente, num tempo onde ainda não haviam inventado o famigerado bafômetro, motivo de tanta controvérsia nos dias atuais, aliás, dias de aventuras virtuais, morna, sem perigo, sem o Jeep e, especialmente, sem o Slade. 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Rock é Rock Mesmo


Nos anos 80, um outro loiro e cabeludo fazia sucesso entre as “gatas” da época pela sua beleza física e talento, e entre os rapazes mais pela pulsação que outra coisa qualquer, seu nome Robert Plant. Entre um biquinho e outro, a voz roqueira inata de Plant fundia-se com os solos desconcertantes de Jimmiy Page para nosso deleite auditivo. Sem grana, aquele bando de “duros”, filhos de um tempo sem internet, tinha que se contentar apenas com as fotos de capa e os encartes dos bolachões. Até que em 1976 o Led Zeppelin lançou o filme The Song Remains the Same para o deleite de seus fãs aqui do terceiro mundo que, finalmente, poderiam ver a banda em ação. Com o nome de Rock é Rock Mesmo, o filme, aqui no Brasil, lotou os cinemas. Lembro do dia em que me juntei em frente do Cecontur (o melhor cinema da época em Florianópolis) a um bando de cabeludos, todos entalados em suas calças “caninho” e abrigados em jaquetas de couro (artigo raro mas muito apreciado) em meio a um fumacê só. Sim, podia-se fumar, na fila, no cinema e ninguém se preocupava com os pulmões alheios, menos ainda com o nariz dos outros. Plant, Page, Bonham e John Paul Jones, arrasaram num concerto no Madison Square Garden e mandaram aquelas imagens pro mundo do rock e que depois haveriam de se fixar para sempre nas nossas memórias. Lembro que Page mal conseguia abrir os olhos de tão chapado e de Plant ter piscado para ele quando atravessou um solo de guitarra. Stairway to Heaven virou hino e tocava exaustivamente nas festinhas particulares e nas rádios. Era o auge da festa, aquele momento de abraçar a gata e cochichar no pé do ouvido que o rock era rock mesmo, sem vomitar.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A briga das baladas

Os pais de Rod Stewart nasceram na Escócia, la pelos lados do Nazareth (a banda), mas ele era britânico. Sua música "Sailling" tocava mais ou menos 8 vezes por dia, nos anos 80, em todas as rádios aqui no Brasil e não deixava ninguém sentado nos clubes, nos bailes, na rua, na fazenda. Nas festinhas improvisadas, em casas vazias para alugar, em quadras de futebol e até em salas de aula (quem não lembra das festas da Engenharia que ocorriam na Universidade Federal de Santa Catarina a UFSC?), o "mela cueca"  do britânico retumbava por todos os cantos na voz rouca e áspera do loiro narigudo e lindo (para as gatas), enquanto os rapazes se aproveitavam para "malhar" numa dança de corpo colado com finais imprevisíveis. Se "Sailling" atacava de um lado, de outro a balada "Love Hurts" do Nazareth não nos deixava em paz. A briga era de cachorro grande e de muita competência musical. Eu estou navegando, dizia Rod, enquanto Dan McCafferty lidava com as dores do amor (a dor de cotovelo que ninguém queria para si) e que levavam algumas "minas" às lágrimas e aumentavam a testosterona nos rapazes. Dançar para que? Comentávamos nas rodas de fumaça. O negócio era ficar paradinho, do tipo, estátua, cheirando um almíscar selvagem no "cangote" e sonhando com um final feliz.   

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012


Da série 
Do Rock ao Dance - Capitulo 1
Quando a voz de Dan MacCafferty ecoava no alto falante daquele aparelho SEMP, um 2 em 1 com Rádio (AM) e Toca-disco, o coração batia mais forte. A plateia não era baixa nem alta, era doida, cambaleante, como o ar esfumaçante com cheiro de perfume patchouli. Num tom café, o odor misturado a fumaça dos "caretas", enganava as "gatas" e confundia os "meganhas". Afinal, o Nazareth uma banda escocesa de rock, não tinha apenas a fama de mal, tinha uma lenda a construir e um bando de seguidores que não conheciam o Twitter. Falava-se tudo na cara e com cheiro de alcool, não ia-se a Cuba, bebia-se cuba. Apesar do SEMP ter sido comprado em 24 prestações, tinha-se vergonha na cara e calças muito justas sobre um bamba que mais tarde virou All Star da Converse.  Os solos de Manny Scharlton sabia-se de cor e salteado, enquanto as camisetas estampavam capas ontológicas. O faisão verde de Loud 'N' Proud era a preferida da turma que não apagava antes de ouvir a Ballad of Hollis Brown, música que Dylan cunhou a ferro e fogo com 9:11 minutos de duração. Não dormia-se com um barulho desses.......